Considerando que linguagem está presente em todos os aspectos da vida organizacional, uma estratégia abrangente que capacite todos os colaboradores a alcançar uma proficiência adequada no idioma inglês pode transformar uma vulnerabilidade em uma fonte de vantagens competitivas em um mundo globalizado.
O Programa educacional de uma empresa deve fazer parte de um programa e cultura corporativos amplos que têm como objetivo estimular o desenvolvimento contínuo dos colaboradores de uma maneira tal que a comunicação seja o canal facilitador para expansão global, integração global, talento global e compartilhamento global de conhecimento.
Para que o aprendizado se torne um objetivo corporativo que tenha significado, ele precisa, primeiro, ser entendido, ou melhor, ele precisa ser definido com clareza e comunicado com precisão.
O desenvolvimento contínuo requer comprometimento pessoal com o aprendizado, sendo esse comprometimento obtido por meio de uma visão de futuro compartilhada.
O CEO deverá criar essa visão compartilhada de necessidade e urgência na comunicação em inglês e incitar a liderança a motivar os colaboradores, enfatizando que, como um grupo, a equipe toda pode alcançar os resultados desejados.
A mensagem clara e persistente proferida pelo CEO da organização e cascateada nos diversos níveis hierárquicos deve transmitir três objetivos:
- preparar a organização para adotar, em pensamento e ação, o contexto global;
- promover o inglês como o canal para atualização da agenda global;
- apresentar a cultura brasileira para o mercado global.
A ampliação das competências linguísticas em um outro idioma representa a conquista de uma ferramenta que possibilita a participação no trabalho global e um novo jeito de pensar.
Portanto, os dois desafios centrais da liderança no processo de capacitação de seus colaboradores são:
- criar uma visão compartilhada sobre a necessidade e urgência de uma proficiência linguística adequada;
- criar uma crença compartilhada sobre as capacidades coletivas em organizar e executar as ações necessárias para os objetivos corporativos.
A implementação de maneira sequencial, concentrando-se inicialmente em pessoas que têm grande exposição internacional, ou em gerentes senior e colaboradores high-potencial, permitirá que os líderes de RH identifiquem as melhores práticas para, então, desenhar uma abordagem mais ampla na qual todo e qualquer colaborador tenha a oportunidade de alcançar um desempenho adequado no idioma.
A liderança deve divulgar e promover a importância do processo de desenvolvimento e influenciar as atitudes dos colaboradores em relação à proficiência em inglês por meio de (1) mensagem contínua, (2) reforço da noção de organização global, e (3) realização de reuniões mensais para discutir o programa.
Do lado dos colaboradores, os mesmos devem adotar uma atitude positiva em relação às suas habilidades a fim de alcançar os objetivos usando o idioma. Uma tarefa inicial é desenvolver a consciência dos colaboradores quanto ao conceito de autonomia no processo de aprendizagem assim como quanto às características de seu perfil e estilo. Uma vez que os colaboradores tenham desenvolvido essa conscientização, eles poderão transformar esse conhecimento em estratégias para se comunicar com outros colegas.
Com base no modelo de aprendizagem 70:20:10 (The career architect development planner, Eichinger & Lombardo, 1996), o desenvolvimento em qualquer área não deve ser baseado apenas em instrução formal (estruturada em ambiente controlado) e estudos, mas sobretudo em experiências práticas e interações com outros.
As vias de aprendizagem devem incluir oportunidades para ganhar experiência por meio de instrução formal (cursos, e-learning, coaching, seminários cross-cultural, …) mas também por meio de desafios profissionais (job rotation, oportunidades no exterior, gestão de projeto, …) e de interação com colegas (trabalhos em equipe, grupos de discussão, imersão total, fóruns na internet…).
Para que as práticas e interações sejam favorecidas, a adoção do idioma em um número maior de situações do dia a dia (reuniões, apresentações, e-mails e telefonemas) propiciará o ambiente ideal para o desenvolvimento das competências de comunicação em contexto profissional.
O plano de comunicação e de sustentação é crucial para o sucesso dos resultados e está intrinsicamente conectado com todas as etapas dessa abordagem. Um dos objetivos é manter ou ampliar a crença do colaborador em sua capacidade em aprender e se aprimorar. Esse plano inclui o envolvimento de todas as partes – começando pelos top leaders e terminando nos vendors(fornecedores de serviços). Inclui também estratégias de motivação, encorajamento, apoio para decisões conscientes e planejadas, mensuração de resultados.
O subsídio financeiro assim como o local e horário das aulas/estudo devem sinalizar, de maneira clara, que a Companhia vê como prioritária a capacitação de seus colaboradores em um prazo pré-estabelecido.
A tecnologia contribuirá para que locais remotos tenham acesso às atividades e ações desenvolvidas nos grandes centros urbanos, onde a oferta e qualidade de serviços são superiores.
Ao repensar o programa de uma maneira coletiva, haverá ganho na otimização de recursos materiais. A solução “blended learning” que associa o estudo + sessões a distância (flexibilidade/customização/independência) com encontros presenciais periódicos (seminários corporativos ou cross-cultural/corporate talks) cria um senso de coletivo (unidade&interdependência) e um contexto muito positivo para que o ritmo de aprendizagem não seja individual, para que a falta de disciplina e de motivação não sejam um fator de insucesso.
O blended learning é considerado o novo ecossistema educativo.
Todos os modos a partir dos quais pode ser construído um programa de blended learning – face-to-face learning; virtual learning; tutoring; online, or on-demand learning – necessariamente nos trasladam do local para o global, sendo determinante a disposição para fazer essa trajetória.
O conceito de autonomia se refere ao “Eu como protagonista da minha trajetória de estudos.”; “Eu mais informado e comprometido com minhas próprias escolhas.”
A linguagem pode afetar todo e qualquer aspecto da vida organizacional global. Se a liderança for capaz de integrar mudanças de maneira efetiva, oportunidades se abrirão para que os talentos aumentem a habilidade de sua empresa em maximizar suas capacidades.
Para saber mais: High-Performing Teams Start with a Culture of Shared Values